Cooperativa fatura até R$ 50 mil por ano só com a venda do produto. Comunidade é considerada modelo pelo Incra.
Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo
Assentamento fatura entre R$ 40 mil e R$ 50 mil só com venda de cachaça (Foto: Daniela Calza/Divulgação/MST)
É o caso da cachaça da marca Camponesa, que é produzida no Assentamento Santa Maria, em Paranacity (PR), onde vivem 21 famílias – cerca de 70 pessoas - que formam a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória Ltda (Copavi). Parte da produção anual de 10 mil litros da cachaça é exportada para a França, além de ser vendida também em todo o Brasil.
Valmir Stronzake, membro do Conselho Administrativo do Assentamento Santa Maria, explica que a fabricação de cachaça começou em meados de 2002 e foi legalizada em 2005. Só com a cachaça, o assentamento fatura em média entre R$ 40 mil e R$ 50 mil ao ano.
“Primeiro, nós começamos a fazer açúcar mascavo, mas as famílias de alguns trabalhadores daqui tiveram experiência em produzir cachaça no passado, então nós adaptamos um alambique e depois fomos fazendo melhorias aos poucos”, diz Stronzake.
Por cada garrafa de cachaça vendida no Brasil, o assentamento recebe R$ 4,50. O produto para exportação rende R$ 6,00. “Esse é o valor que recebemos sem impostos, que gira em torno de 40% a mais no preço. O imposto é muito alto.”
Cada família tem sua própria casa, com energia elétrica e água encanada (Foto: Daniela Calza/Divulgação/MST)
Além da cachaça, a Copavi vende o açúcar mascavo e o melado de cana para outras regiões do país. “Para vendermos em outros lugares, nós entramos em contato com compradores de açúcar mascavo por telefone, pela internet. Participamos de feiras para fazer divulgação e, assim, vamos aumentando o número de compradores.”
A cooperativa produz cerca de 600 litros de leite por dia, que é utilizado também para a fabricação de iogurtes. Segundo Stronzake, entre 13% e 20% da produção são destinados ao consumo interno e o resto é distribuído para comerciantes da região de Paranacity.
O grupo também produz uma variedade grande de hortaliças e legumes, mas a maior parte é usada na alimentação das próprias famílias.
De acordo com o no Paraná, assentamento Santa Maria é considerado modelo (Foto: Daniela Calza/Divulgação/MST)
Assentamento modelo
O assentamento Santa Maria foi criado há 16 anos e tem 230 hectares. Do total, 150 hectares são usados para a produção agropecuária. O resto abriga mata nativa e as moradias.
As famílias do assentamento Santa Maria dividem mais do que apenas o trabalho e a expectativa em relação às vendas dos produtos. Todo o modo de vida das famílias no local tem como base fundamental a produção coletiva, o que faz o assentamento ser considerado modelo, de acordo com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná.
O faturamento total de cada família que vive no assentamento Santa Maria gira em torno de R$ 900 por mês. Isso depois de descontado o que cada família consome e também considerada a contribuição de cada uma na produção.
Cada família tem sua própria casa, com energia elétrica e água encanada. Mas o diferencial é a cozinha comunitária, onde de segunda a sexta-feira são servidos café da manhã e almoço. “Nós implantamos uma cozinha comunitária depois que percebemos que as mulheres passavam muito tempo em casa para preparar as refeições. Elas também queriam participar da vida produtiva e das decisões da cooperativa”, diz.
Atualmente, uma mulher e um homem trabalham na cozinha.“Foi bom para padronizarmos a alimentação das pessoas que vivem no assentamento com uma refeição balanceada e de qualidade. Além disso, ajudamos as mulheres, que agora não trabalham tanto em casa e têm mais tempo para contribuírem nas atividades do assentamento.Com o tempo, fomos melhorando. Agora, já temos até uma padaria”.
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