terça-feira, 5 de junho de 2012

Depoimento de empresário à CPI do Cachoeira piora situação de Perillo

Maurício Savarese
Do UOL, em Brasília

Até parlamentares da oposição reconheceram que o depoimento do empresário Walter Paulo Santiago nesta terça-feira (5) piorou a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) na CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. O tucano, que falará à comissão na semana que vem, é suspeito de ter sido pago duas vezes pelo imóvel onde o contraventor foi preso em Goiânia.

Conhecido como professor Walter, ele diz ter comprado o imóvel por R$ 1,4 milhão em julho do ano passado, e pagou com notas de R$ 50 e R$ 100. Perillo tinha afirmado que recebeu três cheques de um sobrinho de Cachoeira pelo pagamento da residência. Parlamentares suspeitam que o real valor da casa era de R$ 2,8 milhões, que não teriam sido declarados integralmente à Receita Federal, e que o empresário atuava como intermediário.

“Está claro que Walter, Perillo e Cachoeira têm uma relação intensa entre si”, disse o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Walter parece ter atuado em alguns casos ao lado de Cachoeira e em outros, com Perillo. Nesse caso, com os dois.” O contraventor foi preso na residência em fevereiro, já com o empresário educacional como dono do imóvel. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se recupera de um cateterismo.

Para o deputado Ônyx Lorenzoni (DEM-RS), a situação de Perillo é “difícil” e ele “terá de se explicar à CPI”. Ele e o colega Rubens Bueno (PPS-PR) destoaram dos tucanos e questionaram Walter duramente na sessão desta terça-feira. Os parlamentares do partido do governador de Goiás evitaram questionamentos duros e elogiaram a postura do depoente. Os atuantes senador Alvaro Dias (PSDB-PR) e deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) se calaram.

"Casa das dúvidas"

Walter não esclareceu, em quatro horas de depoimento, as dúvidas dos parlamentares sobre como adquiriu a casa. Ela é de propriedade da empresa Mestra, que declarou rendimentos de apenas R$ 17 mil em 2010. Ele diz que sacou o dinheiro para pagar pelo imóvel em diversas parcelas e que não era dono da residência, embora tivesse uma opção de compra para adquiri-la para sua filha assim que ela se casasse.

Parlamentares da CPI suspeitam que o dinheiro tenha vindo de Cachoeira, que teria pagado impostos e condomínio do imóvel por até sete meses. A PF indica que o contraventor se infiltrou em vários níveis do governo do tucano, da Secretaria de Segurança Pública ao gabinete do governador, que nega as denúncias.

Professor Walter disse que negociou apenas com o ex-vereador Wladimir Garcez, nunca com Marconi, que falará à CPI no próximo dia 12. “Foi uma transação legal e cristalina”, afirmou o empresário. No dia 13, o depoimento será do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que também tem membros de sua gestão citados em grampos da Polícia Federal.


Tucanos aliviam para suposto intermediário de Perillo em compra de casa

Menos combativos do que de costume na CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do bicheiro Carlinhos Cachoeira, parlamentares tucanos evitaram nesta terça-feira (5) questionamentos duros ao empresário Walter Paulo Santiago, suspeito de intermediar a venda de uma casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao pivô do escândalo de corrupção.

O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que semanas atrás acusou o relator Odair Cunha (PT-MG) de ser “tigrão” ao investigar Perillo e “tchutchuca” ao lidar com suspeitas sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), silenciou. Fez o mesmo o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Oposicionistas de outros partidos, no entanto, foram mais duros com o depoente. Esses são os casos dos deputados Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) e Rubens Bueno (PPS-PR).

O ex-promotor de Justiça e deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) não fez perguntas e elogiou a boa vontade do depoente ao tratar de um “negócio corriqueiro”. Suplente na comissão, Vanderlei Macris (PSDB-SP) afirmou que a venda do imóvel foi “como um negócio de qualquer pessoa”. Fez apenas uma pergunta: “O senhor considera que o governador Perillo fez uma venda de boa fé?” A resposta foi sim.

O dono da Faculdade Padrão negou que tenha sido intermediário de Perillo na venda de uma casa onde o contraventor foi preso. O imóvel foi adquirido por R$ 1,4 milhão. Walter diz que pagou em dinheiro. Perillo afirmou ter recebido três cheques de um sobrinho do pivô do escândalo. O tucano virá à CPI na próxima semana.

Conhecido como professor Walter, ele diz ter comprado o imóvel em julho do ano passado em espécie. O empresário negou que a residência tenha sido adquirida com cheques do sobrinho de Cachoeira, que foi preso ali em 29 de fevereiro. No entanto, manteve as suspeitas de parlamentares sobre como adquiriu a casa por meio de uma empresa que declarou rendimentos de apenas R$ 17 mil em 2010. Ele diz que pagou com notas de R$ 50 e R$ 100.

Membros da CPI suspeitam que Marconi recebeu duas vezes pela mesma venda. A PF indica que Cachoeira se infiltrou em vários níveis do governo do tucano, da Secretaria de Segurança Pública ao gabinete do governador, que nega as denúncias.

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