terça-feira, 6 de março de 2012

Biotecnologias agrícolas devem beneficiar os pobres

Guadalajara, México.
As biotecnologias agrícolas nos países em desenvolvimento devem responder às necessidades específicas dos pequenos produtores e, para isso, é preciso fomentar a participação deles e de outros atores no processo decisório, afirmaram hoje os participantes de uma conferência técnica internacional realizada em Guadalajara, México.
A Conferencia também coincidiu sobre os elementos necessários para colocar a biotecnologia agrícola a serviço do mundo em desenvolvimentos: maiores investimentos, cooperação internacional e políticas públicas nacionais e marcos regulatórios efetivos e facilitadores.
“As biotecnologias agrícolas não são amplamente utilizadas nos países em desenvolvimento, e sua pesquisa e desenvolvimento, geralmente, não são orientados aos problemas dos pequenos produtores”, explicou o diretor-geral adjunto da FAO, Modibo Traore.
“Isso precisa mudar”, acrescentou Traore no encerramento da conferência técnica internacional sobre biotecnologias agrícolas em países em desenvolvimento que reuniu cerca de 300 pessoas de 68 países, incluindo especialistas, responsáveis por políticas públicas e representantes da sociedade civil e de organismos internacionais.
De acordo aos participantes, cada pais deveria ter uma visão nacional sobre o papel das biotecnologias e analisar as opções e oportunidades no contexto de estratégias e objetivos sustentáveis de desenvolvimento econômico, social, rural e ambiental.
Essa visão deveria ser construída em um processo participativo e apoiada por estratégias de comunicação que promovam o envolvimento e o apoderamento do público na tomada de decisões.
A conferência destacou a importância de ter políticas públicas nacionais e marcos regulatórios que sejam efetivos e facilitem o desenvolvimento e uso apropriado de biotecnologias nos países em desenvolvimento. Também ressaltou a necessidade de aumentar os investimentos nacionais em biotecnologias agrícolas, principalmente, para apoiar os pequenos produtores.
Cooperação é importante
De acordo aos participantes, parcerias mais sólidas entre e dentro de países, como cooperação Sul-Sul e alianças regionais, parcerias público-privadas e de pesquisa para compartilhar experiências, informação e tecnologias facilitariam o desenvolvimento e uso de biotecnologias.
Para tornar as biotecnologias agrícolas acessíveis aos países em desenvolvimento e assegurar que elas respondam às necessidades específicas dos pequenos produtores, também será necessário o apoio da FAO e de outras organizações e doadores internacionais. Isso é especialmente importante para fortalecer as capacidades nacionais para desenvolver e usar biotecnologias agrícolas apropriadas e dirigidas às necessidades dos pequenos produtores nos países em desenvolvimento.
Biotecnologias não se resumem a OGMs
Biotecnologias agrícolas incluem uma ampla gama de ferramentas e metodologias que até certo ponto já estão sendo aplicadas por países em desenvolvimento na agricultura, pecuária, silvicultura, pesca e aqüicultura, e agroindústria para aliviar a fome e a pobreza, apoiar a adaptação à mudança climática e manter a base de recursos naturais.
O debate sobre organismos geneticamente modificados (OGMs) freqüentemente dificulta o desenvolvimento de outras biotecnologias não controversas quanto a seus impactos ambientais, benefícios aos pequenos produtores e contribuição na adaptação e mitigação da mudança climática.
Durante os quatro dias de conferencia, vários estudos de caso ilustrando como biotecnologias podem contribuir ao desenvolvimento sustentável foram apresentados: desde o uso de marcadores de DNA para melhorar a produção de ovelhas Deccani na Índia à caracterização molecular para desenvolver cultivos microbianos melhorados para alimentos e bebidas fermentadas na República Dominicana, México e Tailândia.
“Muitas biotecnologias são aplicadas em países em desenvolvimento, como a fermentação e inseminação artificial. Precisamos focar nossos esforços em melhorar o acesso de países em desenvolvimento a essas tecnologias, disse o diretor de Produção e Proteção Vegetal da FAO, Shivaji Pandey.
Fonte: Bárbara Lazcano – Assessora de imprensa da Representação da FAO no México
http://www.fao.org/biotech/abdc/en/

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