A um bom tempo nas conversas com amigos(as), comento que seguindo a velada criminalização ambiental do cidadão comum na atualidade, daqui uns dias vamos colocar com mesmo peso e culpa uma fábrica calçadista que joga seu resíduo as toneladas na bacia do Rio dos Sinos (RS), e um cara que joga uma embalagem de chocolate no chão da rua. Corremos o risco de avançarmos para uma idéia (e prática) de segregação social e discriminação do individuo, que por sinal é o desejo dos meios de comunicação, que diariamente nos induzem acreditar que nosso opositor (e problema) é o vizinho que não separa seu lixo.
Ainda que de fato seja preciso uma mudança de costume individual, ela tem que ser de formação e ganho de consciência, é cristalino frente a um olhar mais dedicado, que a problemática ambiental esta profundamente articulada a outras problemáticas sociais, decorrentes do um modo de produção contemporâneo, e que por isso só será resolvida, ou minimamente atacada, com uma mudança profunda da economia e dos meios de produção, portanto uma mudança social e não individual .
A COP 15 é um bom exemplo, o entrave e fracasso em que a conferência do clima se tornou, não esta nos entraves da individualidade, do cidadão, mas na necessária mudança na produção em sociedade.
Abaixo introdução e link do texto “Os piores cenários possíveis” de Michel Löwi, no Le Monde Diplomatique Brasil, um belo artigo (Lucio Uberdan).
Diversos modelos científicos projetam cenários catastróficos – mas não improváveis – para o planeta por conta do aquecimento global ocasionado pelo aumento de emissões de gases de efeito estufa. A partir de algumas dessas projeções, o sociólogo marxista Michel Löwy analisa a relação entre o aquecimento global e o modo de produção hegemônico. Suas ideias estão em artigo publicado na edição de dezembro do jornal Le Monde Diplomatique.
Para ele, é insatisfatório responsabilizar o homem pelo cenário preocupante que se apresenta para o futuro desta geração. Para Löwy é preciso fazer uma crítica do modelo de produção vigente.
“O homem habita a terra há milênios, porém a concentração de CO2 somente começou a se tornar um perigo há poucas décadas. Como marxistas, apontamos: a culpa é do sistema capitalista, com sua lógica absurda e míope de expansão e acumulação infinita, com seu produtivismo irracional, obcecado pela busca do lucro”, diz o sociólogo.
Ele defende haja uma convergência entre a pauta dos ambientalistas e socialistas, para forjar um novo modo de organização da produção e da distribuição de bens e riquezas, de modo a romper com a lógica capitalista da expansão infinita e aderir a outro modelo, um “ecossocialismo”.
“O que está em jogo mundialmente nesse processo de transformação radical das relações dos seres humanos entre si e com a natureza é uma mudança de paradigma civilizacional, concernente não só ao aparelho produtivo e aos hábitos de consumo, mas também ao habitat, à cultura, aos valores, ao estilo de vida”, diz.
Leia a íntegra do artigo Os piores cenários possíveis do Le Monde Diplomatique deste mês clicando AQUI.
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