sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Alimentos para comer e para pensar

O IHU Ideias da última quinta-feira (20) contou com a presença de Fabiana Thomé da Cruz, que, atualmente, é doutoranda em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Diretamente ligada ao movimento do Slow Food, ela é co-editora da Coluna Alimentação e Cultura do site brasileiro dessa causa.
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Fabiana destaca que um dos principais pensamentos desse movimento é a comparação entre a alimentação que existia antigamente e a atual. O pão é um exemplo. Enquanto o caseiro conta, em média, com cinco ingredientes básicos, o pão industrializado utiliza o dobro, dentre os quais muitos nem sabemos reconhecer o que é e, muito menos, sua função.
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Outro dado muito preocupante é o crescimento de consumo de certos produtos. Entre os anos de 1992 e 1995, a importação de produtos industrializados cresceu 409%. “Não há dados atuais, mas se imagina que esse número só tenha aumentado”, diz Fabiana. Percebe-se, então, o quanto os hábitos alimentares dos brasileiros têm sido modificados. O primeiro a se comprometer com tal mudança foi o tradicional arroz com feijão, que teve grande redução de consumo. Como consequência de toda essa mudança de cardápio, aumentaram as doenças, como a obesidade e a diabetes.
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Após essa contextualização da alimentação no mundo, Fabiana falou do Princípio da Incorporação do sociólogo francês Claude Fischler. Segundo ele, ingerimos alimentos no sentido biológico (para a manutenção do nosso corpo) e no sentido imaginário (o alimento como modificador de nossa identidade). Dessa ideia, tira-se o famoso slogan “você é o que você come”, ao que Fabiana responde com uma pergunta: “Se não sabemos mais o que comemos, então como a gente sabe o que a gente é no que a gente vai se transformar?”
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Baseado nesse questionamento, surge em 1989, na Itália, o movimento Slow Food, que tem como objetivo repensar e propor um modelo alimentar que seja saudável para as pessoas e para o ambiente. Hoje, essa comunidade conta com 100 mil membros espalhados por 153 países.
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Dentre as diversas funções exercidas pelo Slow Food Brasil, Fabiana destaca o movimento “Bom, limpo e justo”, que pode ser entendido da seguinte maneira:
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  • Alimento bom- pelo modo de produção e processamento, preservar ao máximo a naturalidade dos alimentos;
  • Alimento limpo- modo de produção com menor impacto possível para o ambiente, para a biodiversidade e para a saúde dos consumidores;
  • Alimento justo- modo de produção que respeita a vida e as tradições do produtor.
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Aderindo a essa ideia, o produto terá “menor impacto ao consumidor, ao ambiente e ainda vai valorizar o cultivo tradicional”, finaliza Fabiana.
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