Manifestações culturais de rua expressam de diversas maneiras as reivindicações propostas na pauta entregue ao Governo do Paraná
Aproximadamente 2.500 crianças, adolescentes e jovens do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) participaram no dia 31/10 do ato público pela Educação no Campo. Além de apresentações artísticas, oficinas, passeios e palestras que acontecem desde o dia 29, hoje todos marcharam pelas ruas de Curitiba e entregaram a pauta de reivindicações ao governo do estado.
O ato público pela Educação no Campo iniciou às 11 horas na Praça Santos Andrade com a presença de 21 escolas. A manifestação foi em marcha até o Palácio Iguaçu para a entrega das propostas.
Durante o percurso os jovens erguiam seus punhos para gritar: “Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”, entre outras músicas e gritos de ordem. Para a sem-terrinha Lorrynne Raissa, estudante da Escola Caminho do Saber, o encontro faz muita diferença na formação de cada estudante do MST. “É muito bom estar aqui, faz 1 ano que estou nessa escola e hoje estou aqui para mostrar para a sociedade que temos uma opinião diferente da maioria. Não somos monstros, somos apenas crianças e adolescentes que lutam por uma melhor educação”, afirma.
Segundo a coordenadora do Setor de Educação no Paraná do MST, Sandra Scheeren, o documento entregue ao governo é resultado de discussão e debates realizados sobre o tema entre os próprios jovens. “As crianças e adolescentes estão aqui registrando desde cedo que só com muito estudo e muita luta que a gente alcança os nossos direitos. Cada um deles sabe porque está aqui e consegue perceber a necessidade de se manifestar”, conclui.
O documento foi apresentado e entregue pelos estudantes Fabiana Nunes Gottardo, assentada no Município de Manuel Ribas, e Jean Carlos dos Santos de Lima, do pré-assentamento 1º de Maio, em Rio Branco do Ivaí.
Cada escola representou uma vertente de manifesto. A Escola Lindoeste, da brigada Teixeirinha, expressou através de fantasias a sua luta por arte e cultura. A coordenadora da escola, Lucimara de Andrade, também fantasiada disse que a caminhada do MST vai muito além dos seus direitos por um pedaço de terra. “Todos nós também precisamos de diversão, lazer, educação e arte. A união das escolas demonstra cada luta como direitos únicos, mas que se complementam, por isso hoje temos pessoas vestidas de plantas representando nosso cultivo, outras com balões representando nossas festas e outras vestidas de preto, contra o agrotóxico. Estamos todos juntos!”, explica.
Diego Moreira, da coordenação do MST, também expõe sua alegria pela realização da caminhada e explica a necessidade de existir um manifesto público. “Nosso objetivo aqui é trazer para a sociedade paranaense e brasileira como os trabalhadores rurais assentados produzem e reproduzem sua cultura através da arte e da linguagem em manifestações culturais, queremos desfazer esse estereotipo existente. Nós na agricultura e nos assentamentos de reforma agrária também estamos produzindo o desenvolvimento através da arte”, afirmou.
Entre as reivindicações em pauta no documento, as principais são: o investimento e apoio à educação e a cultura, assentamento para cerca de 6 mil famílias acampadas no Paraná, melhoria nas condições de vida nos assentamentos e acampamentos e melhoria da merenda.
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